Aletria com bebida vegetal

A aletria é um dos doces mais discretos da doçaria portuguesa, mas também um dos mais persistentes. Não é exuberante nem excessiva, mas aparece ano após ano nas mesas de Natal e prolonga-se pelos dias seguintes, quando a cozinha abranda e apetece algo simples, quente e reconfortante.

Feita com poucos ingredientes e preparada com calma, a aletria sempre foi um doce de aproveitamento do tempo e da paciência. A sua textura cremosa e o sabor delicado fazem dela uma sobremesa que se adapta facilmente a pequenas mudanças na despensa, incluindo a substituição do leite de vaca por bebida vegetal, sem perder identidade.

A nossa receita de hoje usa bebida vegetal mas mantém a base: massa fina, a infusão lenta de limão e canela, o açúcar adicionado com moderação e o tempo passado ao lume, a mexer. O resultado continua a ser um doce de colher, suave, pensado para ser servido em travessa e partilhado ao longo de vários dias.

Ingredientes (serve cerca de 6 a 8 pessoas)

• 1 litro de bebida vegetal

• 200 g de aletria

• 150 g de açúcar

• 2 tiras largas de casca de limão

• 1 pau de canela

• 1 pitada de sal

• Canela em pó para servir

Coloca a bebida vegetal num tacho largo, juntamente com a casca de limão, o pau de canela e a pitada de sal. Leva a lume médio e deixa aquecer lentamente, sem deixar ferver, para que os aromas se libertem de forma gradual.

Quando estiver bem quente, junta a aletria partida em pedaços mais pequenos. Baixa o lume e deixa cozinhar, mexendo com frequência, para que a massa não pegue ao fundo e cozinhe de forma uniforme.

À medida que a aletria amolece, o preparado começa a ganhar consistência. Junta então o açúcar e envolve bem, continuando a mexer até obter uma textura cremosa, nem demasiado líquida nem demasiado espessa. O tempo de cozedura varia consoante o tipo de aletria, mas é importante manter o lume baixo e a atenção constante.

Retira do lume, remove o limão e a canela e deixa repousar alguns minutos. A aletria vai espessar ligeiramente à medida que arrefece.

Serve-se morna ou fria, polvilhada com canela, em travessa grande ou em taças individuais. Conserva-se bem no frigorífico durante vários dias e continua a ganhar textura com o tempo.

A aletria com bebida vegetal mostra como muitos doces tradicionais não precisam de ser reinventados, apenas respeitados. Mantendo o gesto, o tempo e a simplicidade, é possível adaptar a receita àquilo que existe hoje na despensa, sem perder o carácter nem o conforto que a tornaram um clássico.